Cenário
de automação residencial verá uma quantidade vertiginosa de aparelhos e
dispositivos inteligentes nos próximos dois ou três anos
O Google e a Apple estão apostando alto na automação
residencial. O assunto promete ser o foco das conferências de desenvolvedores
das duas empresas, que acontecerão nos próximos 15 dias. Antes considerado
apenas um hobby tecnológico, o cenário de automação residencial deverá ver uma
quantidade vertiginosa de aparelhos e dispositivos domésticos inteligentes
inundando as casas nos próximos dois ou três anos, a reboque do conceito da
Internet das Coisas (IoT).
IoT é o conceito chave por trás da automação
residencial. Ela permite que qualquer dispositivo que não seja um computador
tenha um chip de baixo consumo de energia, seja programável e tenha a
capacidade de enviar e/ou receber dados e processar instruções a partir deles.
A conferência da Google para desenvolvedores, a
Google I/O, começa nesta quinta-feira, 28/05, em São Francisco e com ela
promete vir a popularização da automação residencial. Embora a Google não tenha
revelado suas novidades, o site americano The Information informou na semana
passada que a empresa trabalha em um sistema operacional para IoT batizado de
“Brillo”, que deverá ser desenvolvido em uma versão para Android.
SOBRE O BRILLO
De acordo com o site, a principal característica do
sistema operacional da Google é sua leveza: ele seria capaz de rodar em
dispositivos com apenas 32MB de RAM (para comparação: a memória mínima para a
atual versão do Android é 512 MB). A leveza mantém os custos baixos, permitindo
que dispositivos controlados pelo Brillo sejam embutidos em objetos domésticos
baratos (como lâmpadas, campainhas e chuveiros) e consumam pouca bateria.
O Brillo aparenta ser um repensar da abordagem da
"smartificação" assumida pela Google há três anos, quando anunciou a
Android@Home. O anúncio grandioso ficou por isso mesmo: a iniciativa fracassou
por completo e a companhia aparentemente parou de pensar a respeito.
Aparentemente porque, embora tenha aplicações
parecidas às da Android@Home, o Brillo será um sistema operacional voltado a todos
os campos da Internet das Coisas, não somente à automação residencial.
Entre o fracasso da Android@Home e a conferência
deste ano, a maior e mais significativa mudança na companhia foi aquisição da
Nest, fabricante do termostato Nest Learning Thermostat e o detector
inteligente de fumaça Nest Protect, fundada e comandada pelo antigo líder do
iPod, Tony Fadell, agora à frente do grupo de automação residencial do Google.
Outra aquisição, a da Dropcam (empresa de câmeras residenciais inteligentes)
também foi uma mudança importante.
O grupo Nest é operado quase com grande autonomia e
pode-se esperar mais produtos bons vindo dele nos próximos anos. Mesmo sendo
razoável imaginar que em algum momento eles rodarão o Brillo, por enquanto o
sistema operacional indica ser a plataforma sobre a qual outras empresas
desenvolverão hardware e serviços, enquanto a Nest é a opção do Google para
hardware e serviços de automação residencial.
APPLE HOME
Embora seja famosa por sua discrição a respeito de
anúncios futuros, a Apple revelou pequenas informações antes da Worldwide
Developers Conference, sua conferência para desenvolvedores que começa no dia 8
de junho.
Depois que um artigo amplamente divulgado da Fortune
afirmou que a HomeKit, plataforma de automação residencial da Apple, seria
adiada até o fim do ano, a empresa se pronunciou e disse que o lançamento será
mantido e indicou ter dúzias de parceiros para a HomeKit. No pronunciamento,
também foram divulgados planos de anunciar produtos de outras empresas na WWDC,
que estarão disponíveis em junho.
Quando a Apple revelou a HomeKit aos desenvolvedores
na conferência do ano anterior, executivos disseram que envolveria um
“protocolo comum” para permitir a comunicação tanto entre os próprios
dispositivos de automação residencial quanto deles com iPhones e iPads. Desde
então, foi sugerido que outras duas plataformas adicionais de hardware podem
desempenhar papéis na iniciativa de IoT da empresa: o Apple Watch e a Apple TV.
No lançamento do Apple Watch em setembro, seu
vice-presidente, Kevin Lynch, demonstrou um app de automação residencial da
Alarm.com para o dispositivo que não só mostrava uma gravação em tempo real do
interior da garagem como também permitia sua abertura através do relógio. O
Apple Watch aparenta ser um dos controladores principais dos dispositivos
habilitados à HomeKit.
De acordo com um relatório crível, mas não confirmado,
no blog 9to5Mac na semana passada, a Apple deve mostrar a versão 9 do iOS na
WWDC, que conteria um app de automação residencial chamado Home. De acordo com
o post, ele seria uma interface para usuários controlarem os produtos
habilitados à HomeKit, organizando os aparelhos por cômodo e permitindo seu
controle.
O relatório do blog também designa a Apple TV como
concentrador para os aparelhos HomeKit e os dispositivos iOS que os operam.
Embora não confirmado, o post encontra base de sustentação no logo da Worldwide
Developers Conference. Ele traz o slogan “o epicentro da mudança” e representa
um quadrado colorido cercado por formas diversas, que poderia ser interpretado
como a Apple TV rodeada pelos dispositivos de automação residencial. Caso o palpite
se mostre verdadeiro, a smartificação dos objetos domésticos será o tema
principal para a Apple na conferência deste ano.
A CONCORRÊNCIA
Google e Apple planejam e querem ser os maiores
players da popularização da automação residencial, mas não são os únicos:
praticamente todas as grandes fabricantes de tecnologia voltada ao consumidor
estarão envolvidas na revolução da automação residencial. É uma indústria em
seu primórdio e gerará grandes receitas no futuro.
A Samsung entrou para o negócio com sua linha de
chips, a Artik para IoT e sistemas de automação residencial. A companhia já é
dona, por aquisição, da empresa SmartThings, produtora de hubs para controlar e
conectar aparelhos de automação residencial. Enquanto isso, a gigante chinesa
Huawei apresentou seu sistema operacional para IoT chamado LiteOS.
Fonte: CW